
Novo edge data center da V.tal fica na Praia do Futuro. Foto: divulgação.
A V.tal, empresa de rede neutra de fibra óptica oriunda da Oi, inaugurou um novo edge data center em Fortaleza nesta sexta-feira, 3, seu segundo na capital cearense.
Com uma capacidade de 4 MW, o projeto chamado Big Lobster terá quatro data halls com espaço para acomodar 400 racks. Hoje, quase 50% dessa capacidade já está comercializada e mais 25% está sendo negociada.
O novo prédio com 5 mil m² foi construído em 10 meses de forma integrada ao outro edge data center da empresa, totalizando um parque com cerca de 7 mil m² de área construída, capacidade superior a 5MW e mais de 600 posições de racks.
Toda a infraestrutura fica junto à estação de chegada de cabos submarinos (CLS, na sigla em inglês), na Praia do Futuro. A CLS já opera desde 2002 e é fundamental para toda a internet brasileira.
Nela encontra-se o PIX, o ponto de interconexão central no IXP (ponto de troca de tráfego), que proporciona a ligação direta entre provedores, permitindo que muitos sistemas autônomos (AS) troquem tráfego diretamente.
A interligação de diversos AS em um IX, ou Ponto de Troca de Tráfego (PTT), simplifica o trânsito da Internet e diminui o número de redes até um determinado destino.
“Cerca de 90% do tráfego a por Fortaleza, então a cidade tem tudo para se tornar a Virgínia do Brasil, com um investimento muito grande na parte de data center justamente pela chegada dos cabos submarinos”, destaca Cícero Olivieri, vice-presidente de engenharia da V.tal.
A empresa tem quatro cabos na cidade. Dois deles saem em direção ao Rio de Janeiro, um vem da Venezuela e outro de Bermudas, ambos para conexão com os Estados Unidos.
Com o lançamento, a V.tal a a totalizar quatro edge data centers em operação. Dois em Fortaleza, um no Rio de Janeiro e outro em Barranquilla, na Colômbia.
Os sites são conectados por 26 mil quilômetros de cabos ópticos submarinos que ligam o Brasil à Argentina, Venezuela, Colômbia, Bermudas e aos Estados Unidos.
Ao contrário de um data center convencional, que serve para armazenar dados ou sistemas, um edge data center atende necessidades específicas de operadoras, provedores e OTTs com a chamada computação de borda.
Para esses negócios, deixar seus conteúdos mais próximos fisicamente do usuário final é uma vantagem competitiva, pois isso reduz o tempo para o, conhecido como latência.
A empresa não abre os nomes dos seus clientes, mas ,entre eles, estão todas as principais operadoras de telecomunicações do país.
PRÓXIMOS OS
Com a inauguração do novo centro em Fortaleza, os próximos os da V.tal se voltam às infraestruturas que estão sendo construídas em Porto Alegre e em Barranquilla, na Colômbia.
Na capital gaúcha, a companhia adquiriu um prédio em dezembro de 2022, onde também está implantando um edge data center de 4 MW. Como será preciso fazer um retrofit da construção e importar equipamentos, a inauguração está prevista somente para 2024.
O local fica na rua Frederico Mentz, próxima ao Instituto Caldeira, hoje o hub de inovação mais badalado da cidade.
Ambos estão localizados no Quarto Distrito, no Bairro Navegantes, área industrial que estava em decadência desde os anos 1970 e hoje a por uma revitalização, com destaque para iniciativas do setor de tecnologia.
Em Barranquilla, que tem uma posição geográfica estratégica para atendimento de clientes dos Estados Unidos, a V.tal já possui uma CLS e um edge data center integrados com capacidade de 500 kW e 80 racks.
Neste caso, a empresa está ampliando sua capacidade e deve inaugurar, ainda no primeiro semestre, um segundo site adjacente às instalações atuais. Conhecido como Chiva 2, o novo local terá uma capacidade de 2MW e espaço para até 200 racks.
Quando concluído, o complexo colombiano possuirá capacidade superior a 2,5 MW e 280 posições de racks.
CAPITAL
Com a estratégia de criar um ecossistema fora do eixo Rio-São Paulo, a V.tal investiu R$ 4,5 bilhões em todas as áreas da companhia somente em 2022 e tem muito mais dinheiro para gastar.
Em novembro, a empresa recebeu um aporte de R$ 2,5 bilhões da P Investments, gestora de investimentos do plano de pensões do Canadá, sendo avaliada em R$ 24 bilhões.
Inicialmente chamada de InfraCo, a V.tal começou como a divisão de infraestrutura de fibra ótica da Oi e foi a primeira no país a lançar o modelo de rede neutra fim a fim.
A companhia se tornou independente em agosto de 2021 e, hoje, é controlada por fundos de investimentos do BTG Pactual.
Detentora da maior infraestrutura do país, hoje a V.tal tem cerca de 430 mil km de fibra óptica terrestre, chegando a 2,3 mil cidades e 20 milhões de residências.
Até 2025, o plano é chegar a 32 milhões de casas adas disponíveis para contratação em todos os estados.
*Luana Rosales viajou a Fortaleza, para a inauguração do novo data center, a convite da V.tal.