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Foto: Divulgação
A Rogon, uma agenciadora alemã de jogadores de futebol, fez nesse final de semana o que pode ser a primeira “peneira” movida a inteligência artificial do esporte brasileiro.
A peneira, como é conhecido o processo de seleção tradicional dos clubes, aconteceu na cidade catarinense de Itajaí, e os participantes foram selecionados através de um aplicativo chamado CUJU.
Qualquer pessoa que se julgue talentosa com a bola se cadastra, faz o do app em seu smartphone Android ou iOS e a a realizar as atividades e treinos ministrados pela solução.
Segundo Sven Muller, porta-voz da Rogon, em entrevista ao site Mobile Time, o CUJU utiliza visão computacional e machine learning integrada à entrada de câmera do celular.
A aplicação processa os vídeos em 2D e analisa quadros gravados no smartphone para detectar e estimar com precisão as posições corporais dos atletas, registrando movimentos e detalhes sobre desempenho atlético e dinâmica do movimento.
Os treinamentos foram elaborados com workshops entre clubes e associações esportivas ao redor do mundo e combinam velocidade, agilidade, exercícios com manuseio da bola, drible, e e controle.
Feito o treinamento, a IA do aplicativo realiza o mapeamento e avalia os movimentos do jogador, sugerindo melhorias nos exercícios, que podem ser repetidos quantas vezes o atleta achar necessário.
Além da análise por IA, uma equipe de ciência de dados realiza uma avaliação de desempenho esportivo, identifica padrões e detecta possíveis talentos com base nos insights gerados pela inteligência artificial.
Na prática, o CUJU auxiliaria a função do olheiro, que, em tese, não precisaria mais fazer grandes deslocamentos para identificar um novo Neymar, Vinicius Jr. ou Marta. A IA cumpre essa função e ainda entrega um serviço de scout.
Eventualmente, chega o momento de uma “entrevista presencial”, por meio de eventos presenciais, com cerca de 300 inscritos no app, selecionando jogadores e jogadoras com melhores posições no ranking.
Os encontros presenciais aram por Florianópolis, Blumenau, ville e finalizaram em Itajaí neste sábado, dia 7.
Os selecionados, tanto na categoria masculina quanto na feminina, foram divididos em quatro equipes e disputaram um torneio eliminatório. Os melhores atletas de cada categoria irão receber cerca de R$ 500 mil em prêmios.
O fato do evento ter acontecido apenas em Santa Catarina tem uma explicação simples: no Brasil, o CUJU mantém laços fortes com o Barra FC, um clube empresa de Balneário Camboriú, que disputou a Série A do Campeonato Catarinense deste ano.
As relações vêm de longe. O Barra tem acordos com o TSG Hoffenheim, da Alemanha, outro time-empresa bancado por Dietmar Hopp, bilionário fundador da SAP e amigo de Roger Wittmann, dono da Rogon.
Uma curiosidade: CUJU vem do chinês e significa “chutar a bola”. O termo surgiu de um antigo esporte praticado no país oriental durante a dinastia Han (por volta do ano 220 d.C.), muito semelhante ao futebol moderno, inclusive reconhecido pela FIFA como um dos precursores da modalidade.
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Já há outras plataformas que seguem o mesmo modelo. A startup suíça Footbao já atua no Brasil há mais de um ano, possui mais de 1 milhão de usuários e opera nos mesmos moldes do CUJU.
Na Europa, a AI Scout, de Londres, permite que atletas amadores façam testes virtuais para clubes profissionais como o Chelsea, da Premier League, e times da Major League Soccer, nos Estados Unidos.